Poesia - Parte I
- João Marcondes
- 28 de dez. de 2017
- 2 min de leitura
Entre as coisas que mais gosto de produzir, sem dúvida, está a poesia.
Poesia que faço desde os oito anos, em tenra idade, feliz e contente por conseguir costurar pequenos versos.
Ainda não publiquei nenhum livro de poes

ia, mas o momento está próximo.
E como tecnicamente estou de férias desde o dia 22 de dezembro, decidi reler e compartilhar algumas de minhas poesias por um mês. Até retomar as atividades de músico, educador, pesquisador...
Obras estas que estão entre 2008 e 2010.
Um abraço, e espero que aprecie.
“TRAÇOS” 2008
Tarda em um traço distante
preciso e elegante.
Cobre o que redunda em sombra
Em um traço fino e constante.
Teima num poço profundo.
Allegro em um vivace a cores.
Parla: Pra que pintar flores se tudo o que vejo são riscos?
“HASTES” 2009
Entre as hastes coloridas
Jaz um sol brilhante.
Jaz um sol senil.
Jaz um sol.
Entre as torres retumbantes.
Jaz o sol distante.
Um arrebol brilhante.
Um carnaval sutil.
Entre as sombras flutuantes.
Jaz um amor distante.
Jaz um sol febril.
Foge amor:
Doença nenhuma mata mais que o tempo.
“DELÍRIO SUBURBANO” 2008
Esperava por toda esquina o amor.
Esperava, esperava.
Esperava para toda vida.
Esperava em todo sonho.
Não se esgueirava a nada,
A casa tranquila engasgava e enganava a solidão.
Esperava a toda esquina: o chão.
Esperava por toda esquina o amor.
Esperava, esperava.
Esperava por toda vida.
Esperava em todo olhar.
Não se espelhava nada,
A casa vazia esperava e encrustava a solidão.
Esperava por toda esquina: o pão.
“CONSOLAÇÃO” 2008
Não me consola a vida que não tive.
Não me consola o tempo que abstive.
Não me consola o vento que não urgi.
Sequer a história que não cabe.
Não me move o tempo que leva.
E não me deixa o tempo que não tive.
E se a vista rouba o sacrifício,
Finjo que a demanda já não me aflige.
E se finjo consolo no silêncio duro, o tempo entrega:
- Não há Paraíso a longa vista qual estrada em longa reza.
“ELIPSE” 2009
Ao sinal vermelho voa.
Desatento ao verde anil.
Foge a tez um sorriso enfaixado.
Avoado em um bom pavio.
Ao sinal vermelho grita.
Avisado em um tom ardil.
Some a tez um sorriso untado.
Encaixado em um assovio.
A cidade morre ao lado.
A cidade morre em fardos.
A cidade move os poucos.
“INVASIVA” 2009
Até parece um esconderijo que não esconde nada.
Ou compromisso que não leva a nada.
Se parece prece, até parece prece.
Se parece rio que não revela o fundo.
Ou transbordado alastrando o caos e o lixo.
E os bichos soltos nos homens mordem os bravos.
Papéis, cigarros e um velho álbum misturado nos papéis dos carros.
Também arrastados, também devastados, naufragados.
Pobre homem - mero escarro, mero escravo.
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